Por Martha San Juan França
Homens com idade entre 15 e 24 anos são as grandes vítimas de morte violenta no país. Os especialistas dizem que a principal causa é a desigualdade econômica e social. Os jovens brasileiros estão morrendo cedo demais – e de maneira violenta. Pesquisas divulgadas nos últimos meses demonstram que a proporção de morte por homicídio e acidente de trânsito, as causas externas, é altíssima entre os jovens, uma das maiores da América Latina. Os índices de violência, de modo geral, são elevados em todo o continente – quatro vezes maior do que a média anual. Pior: as maiores vítimas de morte violenta são os jovens com idade entre 15 e 24 anos. No Brasil, a porcentagem de mortes por assassinato nessa faixa etária é 170% maior do que a de qualquer outra faixa etária. A probabilidade de um jovem brasileiro ser vitima de homicídio é 30 vezes maior que a de um jovem europeu e 70 vezes maior que a de um morador da Inglaterra, da Áustria ou do Japão.
Para especialistas, são vários os fatores que contribuem para esse triste recorde. Em primeiro lugar, é preciso considerar que a violência no Brasil é preocupante independentemente da idade das vítimas. Em três regiões do país – Norte, Centro-Oeste e Nordeste – a violência constitui a segunda maior causa de morte. No Sudeste e no Sul, ocupa o terceiro lugar. O maior risco é dos homens (adolescentes e adultos jovens), negros e residentes em grandes centros urbanos (...) os problemas de segurança pública têm relação com fatores e mudanças estruturais complexos que ocorreram no médio e no longo prazos na sociedade brasileira e devem ser levados em consideração na hora de estabelecer os programas destinados a combater a violência. Entre eles, falta de moradia, crescimento de favelas, precariedade dos serviços, somados à violência doméstica, frequentemente associada ao consumo de drogas e à desagregação familiar.
Um contingente significativo de jovens, geralmente pobres e moradores das periferias das grandes cidades, integra-se apenas parcialmente à sociedade. Estão longe de conseguir condições de vida adequadas e o aumento de renda, embora tenham crescido expostos às mesmas tentações da cultura de massa e imposições do consumo que outros jovens que se encontram no extremo oposto da pirâmide social. O resultado é uma combinação perversa: mais expectativas aliadas expectativas aliadas a menores condições de alcançar os objetivos constituem o pano de fundo da decepção do jovem. A válvula de escape para essa frustração é facilmente manipulada em direção à marginalidade e ao crime. Jovens que não conseguem espaço no mercado formal são aliciados pelos que comandam o tráfico. A possibilidade de ter um rendimento maior que o obtido com um trabalho formal funciona como um estimulo à entrada no mundo do crime. Frequentemente, a atividade é curta, interrompida pela morte ou pela prisão. O tráfico de drogas tem outro aspecto bastante difícil: a corrupção de parte dos policiais, que amplia a impunidade em todos os níveis.
FONTE: REVISTA ATUALIDADES, 1º Semestre de 2009.
Homens com idade entre 15 e 24 anos são as grandes vítimas de morte violenta no país. Os especialistas dizem que a principal causa é a desigualdade econômica e social. Os jovens brasileiros estão morrendo cedo demais – e de maneira violenta. Pesquisas divulgadas nos últimos meses demonstram que a proporção de morte por homicídio e acidente de trânsito, as causas externas, é altíssima entre os jovens, uma das maiores da América Latina. Os índices de violência, de modo geral, são elevados em todo o continente – quatro vezes maior do que a média anual. Pior: as maiores vítimas de morte violenta são os jovens com idade entre 15 e 24 anos. No Brasil, a porcentagem de mortes por assassinato nessa faixa etária é 170% maior do que a de qualquer outra faixa etária. A probabilidade de um jovem brasileiro ser vitima de homicídio é 30 vezes maior que a de um jovem europeu e 70 vezes maior que a de um morador da Inglaterra, da Áustria ou do Japão.
Para especialistas, são vários os fatores que contribuem para esse triste recorde. Em primeiro lugar, é preciso considerar que a violência no Brasil é preocupante independentemente da idade das vítimas. Em três regiões do país – Norte, Centro-Oeste e Nordeste – a violência constitui a segunda maior causa de morte. No Sudeste e no Sul, ocupa o terceiro lugar. O maior risco é dos homens (adolescentes e adultos jovens), negros e residentes em grandes centros urbanos (...) os problemas de segurança pública têm relação com fatores e mudanças estruturais complexos que ocorreram no médio e no longo prazos na sociedade brasileira e devem ser levados em consideração na hora de estabelecer os programas destinados a combater a violência. Entre eles, falta de moradia, crescimento de favelas, precariedade dos serviços, somados à violência doméstica, frequentemente associada ao consumo de drogas e à desagregação familiar.
Um contingente significativo de jovens, geralmente pobres e moradores das periferias das grandes cidades, integra-se apenas parcialmente à sociedade. Estão longe de conseguir condições de vida adequadas e o aumento de renda, embora tenham crescido expostos às mesmas tentações da cultura de massa e imposições do consumo que outros jovens que se encontram no extremo oposto da pirâmide social. O resultado é uma combinação perversa: mais expectativas aliadas expectativas aliadas a menores condições de alcançar os objetivos constituem o pano de fundo da decepção do jovem. A válvula de escape para essa frustração é facilmente manipulada em direção à marginalidade e ao crime. Jovens que não conseguem espaço no mercado formal são aliciados pelos que comandam o tráfico. A possibilidade de ter um rendimento maior que o obtido com um trabalho formal funciona como um estimulo à entrada no mundo do crime. Frequentemente, a atividade é curta, interrompida pela morte ou pela prisão. O tráfico de drogas tem outro aspecto bastante difícil: a corrupção de parte dos policiais, que amplia a impunidade em todos os níveis.
FONTE: REVISTA ATUALIDADES, 1º Semestre de 2009.
Um comentário:
A violência é realmente uma constante, independe de lugar, de idade, de época, sendo que logicamente, em regiões mais pobres é mais acentuada.Na área criminal, vejo na prática essa realidade e realmente é triste o destino desses jovens. Entre os jovens, a violência assume maior percentual, haja vista que para esses, trata-se de conduta normal, banal, haja vista a vida desregrada em que se encontram. Mas uma das maiores causas da violência é o envolvimento com drogas, seja pelo consumo, seja pelo tráfico. O consumo, fazendo com que percam ou diminuam sua potencial consciência das ilicitude dos fatos e o tráfico, como há aqueles que comercializam há também aqueles que são mediadores.
Postar um comentário