terça-feira, 29 de abril de 2008

MÃE X ABORTO

APROXIMA-SE O DIA DAS MÃES!
E O QUE É SER MÃE?

É MOMENTO PROPÍCIO PARA REPENSARMOS O VALOR DA FAMÍLIA, EM PLENO GOVERNO EM QUE O MINISTRO DA SAÚDE VEM A PÚBLICO DEFENDER A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO.
SER MÃE É UMA ATO SUPREMO, DOM DE DE DEUS, UM PRESENTE CONCEDIDO ÀQUELAS QUE SABEM AMAR E O VALOR DO AMOR.
OXALÁ ESTE DIA NÃO CHEGUE, MAS SE CHEGAR, VAMOS TODOS PERDER A GRANDEZA DA MARTENIDADE. VAMOS TER QUE ABRIR AS CADEIAS E LIBERTAR TODOS OS CRIMINOSOS, ESTUPRADORES, LADRÕES E ASSALTANTES. AFINAL, SE APOIAMOS E LEGITIMAMOS QUE UMA MÃE MATE SEU PRÓPRIO FILHO, ENTÃO MATAR UMA PESSOA QUALQUER NÃO É CRIME. ISTO É QUESTÃO DE LÓGICA!

ISABELLA, VÍTIMA DA MALDADE HUMANA

Isabella Nardoni, vítima da incensatez humana.
· Eraldo Amorim (17 / 04 / 2008)

Não vamos querer aqui arrumar um culpado pelo bárbaro crime da menina Isabella Nardone, até porque não é este o nosso propósito, a final de contas é para isto que existe o Tribunal de Justiça, os advogados, os delegados, promotores e juizes, além de uma imprensa louca por vender seus anúncios e manchetes abusivas em torno de um caso que verdadeiramente chocou o país.
A propósito, por que este caso tem causado tanta comoção, se o que mais vemos no cotidiano são crimes e mais crimes envolvendo crianças, jovens e pessoas indefesas, sem as devidas soluções? Ainda não estamos acostumados a ver sangue na TV? Criminosos a não ir para cadeia? Corruptos brincando e zombando com o dinheiro alheio, dizendo indiretamente que “o crime compensa”? O que pensar de uma sociedade que não se indigna mais com crianças morrendo, não somente sendo jogadas de um sexto andar de um prédio de classe média, mas morrendo de fome, assassinadas por balas perdidas em nossas favelas? Crianças sem escola e que são submetidas à prostituição e ao trabalho exaustivo e escravo, condenadas a viver sem perspectiva de futuro. Essas situações se tornaram rotineiras e não lhes damos a devida atenção.
O que está por trás desse alvoroço todo em cima deste caso Isabella? Será por que envolveu uma família aparentemente “normal”? O que está por trás todos nós sabemos, mas não queremos enxergar. É a loucura da modernidade, que cultua cada vez mais a incensatez da impunidade, que perdeu o valor da vida humana, ao ponto de confundir novela com realidade.
Realidade. É disso que temos medo: da realidade. Fazemos de conta que ela não existe, que tudo não passa de um filme de ficção, ou de uma novela que tem sempre um final feliz. Enfrentar a realidade, nua e crua, é disso que precisamos. Não adianta esconder o lixo, que nós mesmos criamos, embaixo do tapete. É preciso olhar o mundo em nossa volta e perceber que os valores humanos chegaram ao extremo da desvalorização. Valor humano não é questão de religião nem dogma, é racionalidade e lógica. Falta temor a Deus, sobre maldade.
O caso da menina Isabella é apenas reflexo da insensatez humana. Afirmam alguns especialistas: todos nós sofremos o descaso da falta de respeito e amor; e a família de Isabella é o retrato de milhares de famílias espalhadas pelo Brasil que enfrentam os conflitos da separação. Por isso se tornam inaceitáveis atos daquele tipo. Mas por incrível que possa parecer, com grandes exceções, a família moderna se tornou lugar de conflitos e inimizades. São as pessoas de casa que ameaçam, machucam, torturam e matam. Os filhos não ouvem os pais, os pais não respeitam mais os filhos e muito menos têm autoridade sobre eles. Os idosos são humilhados, maltratados e “despejados” em asilos como fardos pesados. Bem que Jesus nos advertiu, dizendo: “A maldade se espalhará tanto, que o amor de muitos se resfriará. Mas quem perseverar até o fim, será salvo” (Mt 24, 12).
Que o Senhor tenha misericórdia de nós. Tenha misericórdia da nossa falta de temor. Tenha misericórdia dos pais e mães de famílias que têm a difícil missão de educar seus filhos para o amor, para viver a fraternidade e a solidariedade, valores tão esquecidos e desprezados nos dias de hoje.
“Quem perseverar até o fim, será salvo”. É esta a nossa esperança e a esperança de tantos homens e mulheres que lutam ainda em favor da vida, da justiça e do amor. Que o anjo do Senhor, chamado Isabella, descanse em paz. Paz que tanto buscamos viver, sem saber que ela está dentro de nós.

· Teólogo, Professor de Geografia e membro da Dimensão Litúrgica da Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Catedral de Campina Grande.

DOC. APARECIDA III

Documento de Aparecida. Como colocá-lo em prática? (III).
· Eraldo Amorim (18 / 4 / 2008)
Logo na primeira parte o documento expõe sobre a educação religiosa e como primeiramente a família, depois a Igreja e o Estado, deve se preocupar com a formação integral da pessoa humana, incluindo valores que a religião cristã sempre defendeu. Em tempos de globalização e de informação rápida, é mais que urgente valorizar um ambiente familiar que transmita confiabilidade e que escute mais os anseios das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Foi isso mesmo que nos afirmou o santo padre sobre a família: “[...] patrimônio da humanidade, constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos e caribenhos. Ele tem sido e é escola da fé, palestra de valores humanos e cívicos, lar em que a vida humana nasce e se acolhe generosa e responsavelmente... A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação de seus filhos” (§ 114).
Aos pais o documento adverte: “[...] O grande tesouro da educação dos filhos na fé consiste na experiência de uma vida familiar que recebe a fé, a conserva, a celebra, a transmite e dá testemunho dela. Os pais devem tomar nova consciência de sua alegre e irrenunciável responsabilidade na formação integral dos filhos” (§ 118). Quem trabalha com educação, os educadores em geral, sabe que a família não é mais o único espaço de formação do caráter da pessoa, os meios de informação associada a diversos outros fatores, a própria estrutura familiar moderna incluindo os sócio-econômicos, interferem na educação dos filhos e na concepção do ser família.
A mulher vem ocupando cada vez mais, de maneira legitima e bem sucedida, a sua posição no mercado de trabalho. Certamente este novo caráter feminino tem mudado a face do núcleo familiar na sociedade hodierna. Entretanto, não podemos esquivar os pais do dever de educar com responsabilidade aqueles filhos que Deus lhes confiou. Infelizmente, em muitos casos os pais empurram para outros esta tarefa extremamente difícil. A TV, os jogos de vídeos-game, a internet, a própria escola que na maioria das vezes é mal aparelhada e estruturada, se tornam subterfúgio de uma educação capenga e incompleta.
É papel também da Igreja testemunhar Jesus como Mestre e Senhor dos valores éticos, em meio a realidades altamente necessitadas. Os leigos se fazendo presentes em diversos segmentos da sociedade, podem contribuir para uma catequese renovada, uma evangelização eficaz visando a formação integral, mergulhados na realidade urbana por meio de uma pastoral capaz de abranger escolas públicas e privadas, universidades e centros de formação profissionalizantes.
Preocupa a Igreja uma formação voltada apenas a suprir as necessidades do mercado e da realização profissional, sem abranger a perspectiva da fraternidade e da solidariedade, na construção de uma sociedade mais humana que saiba partilhar valores. “[...] Na verdade, as novas formas educacionais de nosso continente, impulsionadas para se adaptar às novas exigências que se vão criando com a mudança global, aparecem centradas prioritariamente na aquisição de conhecimentos e habilidades e denotam claro reducionismo antropológico [...]. Por outro lado, com freqüência, elas propiciam a inclusão de fatores contrários à vida, à família e a uma sadia sexualidade. Dessa forma, não manifestam os melhores valores dos jovens nem seu espírito religioso; menos ainda lhes ensinam os caminhos para superar a violência e se aproximar da felicidade, nem os ajudam a levar uma vida sóbria e adquirir as atitudes, virtudes e costumes que tornariam estável o lar que venham a estabelecer,e que os converteriam em construtores solidários da paz e do futuro da sociedade” [§ 328 ]. Enfim, a educação se tornou algo mercadológico, se desvirtuando do seu real papel social. Sendo legitimada como mecanismo de uma estrutura injusta. Este fato preocupa todos nós educadores.

Documento de Aparecida II

DOCUMENTO DE APARECIDA: Como colocá-lo em prática? (II).
* Eraldo Amorim (11 / 04 / 2008)

Trilhando o nosso caminho de reflexão sobre o Documento de Aparecida, iremos perceber de fato quais os seus maiores objetivos. Não é nossa intenção de fazermos aqui um resumo sobre este, mas expor pontos chaves para podermos observar, ou melhor, termos noção, sobre os diversos assuntos que preocupam a Igreja na América Latina e Caribe.
No contexto da nova evangelização, tendo como principal aspecto a missão de todo batizado a partir do encontro com pessoal de Jesus, está presente a nova forma de entender e viver a dimensão geográfica e comunitária da paróquia, “(...) os fiéis devem experimentar a paróquia como família na fé e na caridade, onde mutuamente se acompanhem e se ajudem no seguimento de Cristo” (§ 305). Com a vida conturbada do meio cidade perdemos esta dimensão familiar e comunitária, lugar propício para o encontro com o Cristo Ressuscitado. Para isto é preciso observar e compreender a importância da Pastoral Urbana. “(...) Diante da nova realidade da cidade, novas experiências se realizam na Igreja, tais como a renovação das paróquias, setorização, novos ministérios, novas associações, grupos, comunidades e movimentos. Mas se percebem atitudes de medo em relação à pastoral urbana; tendências de se fechar em métodos antigos e a tomar atitudes de defesa da nova cultura, com sentimentos de impotência diante das grandes dificuldades das cidades” (§ 513).
Mas no Brasil, mesmo antes da V Conferência, a Igreja já vem há muito tempo refletindo sobre esta questão. O Documento de Aparecida apenas vem reforçar ou confirmar o Projeto “Queremos Ver Jesus: Caminho, Verdade e Vida”, da CNBB. Entretanto, o Documento ressalta a importância das paróquias serem revitalizadas a partir de uma “rede de comunidades”. “Destacamos que é preciso reanimar os processos de formação de pequenas comunidades no Continente, pois nelas temos uma fonte segura de vocações ao sacerdócio, à vida religiosa e à vida leiga com especial dedicação ao apostolado. Através das pequenas comunidades, também se poderia conseguir chegar aos afastados, aos indiferentes e aos que alimentam descontentamento ou ressentimento em relação à Igreja” (§ 310).
Mas algo deve nos questionar como de fato nos faz: onde estão as Comunidades Eclesiais de Base, as CEB´s, tão bem refletidas no Documento? “São elas um ambiente propício para escutar a Palavra de Deus, para viver a fraternidade, para animar na oração, para aprofundar processos de formação na fé e para fortalecer o exigente compromisso de ser apóstolos na sociedade de hoje. São lugares de experiência cristã e evangelização que, em meio à situação cultural que nos afeta, secularizada e hostil à Igreja, se fazem muito mais necessários” (§ 308).
Muitas coisas mudaram nos últimos anos, isto é notório. Aquelas CEB´s cheias de vigor e entusiasmo deram lugar a uma espiritualidade muito mais desencarnada de nossa realidade social e política. São raros aqueles grandes encontros interclesiais e efervescentes celebrações nascidas da experiência do povo. Não restam dúvidas de que um dos grandes desafios da Igreja atual é justamente rever sua maneira de realizar a missão no contexto urbano, globalizado e plural. Não podemos esquecer que a semente do cristianismo germinou em ambientes semelhantes, e que nem por isso os apóstolos recuaram na missão de evangelizar. O Documento não quer dar respostas prontas de como iremos fazer, mas nos oferece pistas de reflexão. O difícil está em abrir mão das antigas estruturas. Já passou da hora de descentralizar o poder da paróquia, e abrirmos para novas e desafiantes realidades

Documento de Aparecida - V Conferência do CELAN

DOCUMENTO DE APARECIDA: Como colocá-lo em prática?.
· Eraldo Amorim (04 / 04 / 2008)

Estudando minuciosamente o Documento de Aparecida, qualquer conhecedor da realidade da Igreja atual, perceberá que este condiz perfeitamente como se apresenta o papado de Bento XVI. As comissões que redigiram o Documento, para que depois fossem aprovados pelos Bispos, trabalharam em plena sintonia no que diz respeito ao conteúdo o qual desejaram atingir. Em alguns trechos é notória a repetição, ao ponto de se tornar cansativo a leitura, mas não deixando de apresentar novos conteúdos e assim ter seu valor.
É bom ressaltar que o Documento de Aparecida busca ser uma continuação das outras conferências episcopais do CELAM (Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo Domingo), utilizando o estimável método: Ver, Julgar e Agir. A primeira parte merece grande e valiosa atenção. É uma grande alegria ser discípulo e missionário de Jesus, diz o Documento, e faz um apanhado geral da situação atual do povo latino-americano e caribenho. A Globalização econômica, cultural e suas conseqüências; a pobreza; a concentração de renda, que juntamente com o capital financeiro e a especulação transformou o homem em simples objeto de consumo, não esquecendo também dos seus aspectos positivos e suas contribuições para melhoria de vida das pessoas; as transformações da sociedade pós-moderna; as aflições da família em especial, dos jovens; a degradação da dignidade da pessoa humana e a sua fragmentação; a pluralidade de pensamentos, inclusive religioso; a limitação da ciência e da tecnologia diante da busca existencial do homem e da mulher, são algumas das reflexões trazidas em suas primeiras páginas.
Na segunda parte em diante, fica claro a preocupação da Igreja em redefinir os seus aspectos doutrinários diante da difícil realidade. A Vocação Missionária é o ponto chave do Documento. A Igreja tem como principal missão levar Jesus – Caminho, Verdade e Vida – aos povos. Por excelência a Igreja é missionária. Hoje os discípulos de Jesus, assim como os de ontem, têm que abraçar a missão de anunciar a Boa Nova do Evangelho aos mais afastados, os sem esperança, aos que estão á beira do caminho. Para ser discípulo e missionário é preciso conhecer Jesus, fazer uma experiência com Ele, não apenas com o seu projeto, mas com a sua Pessoa mesmo. A partir desta reflexão, são traçados os caminhos pelos quais o Documento se delineia.
Como conhecer Jesus? Como fazer uma experiência com o Mestre? “[...] Jesus quer que seu discípulo se vincule a Ele como ‘amigo’ e como ‘irmão’. O ‘amigo’ ingressa em sua Vida, fazendo-a própria. O amigo escuta a Jesus, conhece ao Pai e faz fluir sua Vida (Jesus Cristo) na própria existência (cf. Jo 15, 14), marcando o relacionamento com todos (cf. Jo 15, 12). O ‘irmão’ de Jesus (cf. Jo 20, 17) participa da vida do Ressuscitado, Filho do Pai celestial, porque Jesus e seu discípulo compartilham a mesma vida que procede do Pai: o próprio Jesus por natureza (cf. Jo 5, 26; 10, 30) e o discípulo por participação (cf. Jo 10,10)” (§ 132).
A Comunidade Eclesial, o vinculo fraterno e de comunhão, pode proporcionar um encontro com a pessoa Jesus. Só quem vive uma fé comunitária, no relacionamento com o irmão de fé, é capaz de se tornar “amigo” de Jesus, e não simplesmente “servo”. Pois “o servo não sabe o que seu senhor faz” (Jo 15, 15). A comunidade dos discípulos e missionários é chamada a participar da missão evangelizadora. Os Presbíteros e os Diáconos Permanentes em comunhão com o Bispo, sinal visível do Cristo Bom Pastor na Igreja Particular, juntamente com os fiéis leigos batizados, continuam a obra de Jesus “até que Ele venha”, sob o impulso e força vivificadora do Espírito Santo.

* Teólogo, Professor de Geografia e membro da Dimensão Litúrgica da Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Catedral de Campina Grande.