terça-feira, 17 de novembro de 2009

ESTADOS UNIDOS E CHINA : ACORDO PARA COMBATER O EFEITO ESTUFA

EUA e China anunciam medidas para combater o efeito estufa
A reação mundial ao fracasso anunciado em Copenhague provocou uma mudança de atitude - ou seria de discurso?
ROBERTO KOVALICK Tóquio
Quando os dois se encontram, o mundo presta atenção. De um lado, o líder da maior potência do mundo, do outro, o da que cresce de forma mais rápida. O encontro entre Barack Obama e o presidente chinês, Hu Jintao, durou duas horas e meia. Prometeram cooperação para resolver alguns dos problemas mais urgentes que atingem o planeta, mas a linguagem vaga e diplomática das declarações mostrou que ainda há muitos pontos para acertar. Os dois concordaram em retomar o diálogo sobre direitos humanos na China, mas Hu Jintao lembrou que eles devem conversar como iguais, sem nenhum tipo de imposição. Jintao também criticou o protecionismo econômico, uma mensagem direta aos americanos que impuseram restrições a alguns produtos chineses. Em relação à Coreia do Norte, os dois disseram que vão trabalhar juntos para conter as ambições nucleares da ditadura de Kim Jong Il. O acordo cria esperanças de que o mundo chegue a um acordo para combater as mudanças climáticas. No último fim de semana - durante reunião dos países do pacífico – China e Estados Unidos se recusaram a estabelecer limites para emissão de gases. Isso deixaria sem muito efeito prático qualquer resolução adotada no encontro mundial sobre clima, em Copenhague, na Dinamarca, no mês que vem. Agora os dois líderes parecem ter mudado um pouco de ideia. Os dois não foram muito claros sobre o que pretendem fazer, mas Obama disse que o objetivo em Copenhague não é um acordo parcial ou uma declaração política, mas um acordo que cubra todos os problemas e negociações. E tenha efeito imediato. China e Estados Unidos emitem 40% dos gases que causam o efeito estufa. Durante os encontros com os líderes chineses, o presidente Barack Obama encontrou tempo para um pouco de turismo. Visitou um dos marcos da capital chinesa, a cidade proibida.

ACORDO AMBIENTAL - MIRIAM LEITÃO

Miriam Leitão: Mundo não pode mais esperar por acordo ambiental

O presidente Obama pode ter começado a mudar o discurso em relação à reunião sobre o clima, após a grita geral. Pegou mal para ele. O mundo não pode esperar mais um ano, até porque, na reunião do ano passado, o mundo resolveu dar mais um ano aos Estados Unidos, que aliás já estavam dez anos atrasados, porque Barack Obama estava assumindo e disse que lideraria o mundo para chegar a um acordo. Agora, pede mais um ano? Ano que vem, a situação dele será pior. As eleições de meio de mandato já terão passado e Obama pode perder o controle das duas casas, como tem hoje. O presidente Lula tem razão de cobrar uma posição firme de China e Estados Unidos. Ele está com moral, porque o Brasil vai a Copenhague com uma meta oficial, mesmo que não seja obrigado a isso. Isso significa uma mudança radical na posição brasileira, que dizia não ter obrigação ou compromisso. A conta é a seguinte: o Brasil projetou o que vai aumentar de emissão de gases de efeito estufa até 2020. Falou que vai reduzir nessa trajetória. O que a Europa está fazendo é reduzir em relação aos níveis de 1990. É mais ou menos assim: duas pessoas estão engordando. Uma diz o seguinte: vou emagrecer – recuar o que eu era antes e diminuir um pouco. O outro (no caso, o Brasil) diz: vou chegar a tantos quilos em 2020. Quero reduzir o que eu engordaria. Ou seja, o Brasil está cortando no crescimento de emissão futura. Europa e Japão cortam em relação ao passado. O governo de São Paulo também está cortando em relação a 2005, assim como a proposta dos Estados Unidos. Outra coisa é que o Brasil denunciou, desde o primeiro momento dessa conversa entre os dois maiores sujões do planeta, que isso é uma espécie de G2. Os dois se reúnem para dizer que vão colocar água no chope de Copenhague. O Brasil está certo, inclusive o presidente Lula disse que ia ligar para EUA e China depois de combinar com o primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brown, e com o presidente da França, Nicolas Sarkozy.