segunda-feira, 6 de julho de 2009

O USO DE SACOLAS PLÁTICAS


*Eraldo Amorim

Em tempo de urbanização, do consumo de produtos industrializados e do aumento desordenado dos resíduos sólidos, dentre outros desajustes ambientais, é muito importante colocar em discussão o uso de sacolas plásticas. Em tempos em muitos longínquos, nós íamos ao supermercado, à panificadora, ao açougue, à farmácia ou em qualquer estabelecimento comercial, e a embalagem era confeccionado com papel. No caso da panificadora, a maioria das donas de casa possuía “a sacola do pão”. Nunca ouvimos noticias de que alguém teria se infectado ou morrido ao ingerir alimentos transportados ou embrulhados em papel.
O fato é que, o costume da sacola de plástico nos foi imposto pelas grandes indústrias e redes de supermercados. Fato este que também foi absolvido pelas pequenas e médias empresas. O resultado está ai, o lixo inorgânico (aquele que não se deteriora facilmente na natureza) boa parte é composto por sacolas plásticas, aquelas que demoram mais ou menos 100 anos para se decompor.
Na Paraíba, felizmente, o consumo dessas sacolas tendem a diminuir. É que foram assinadas duas leis (8.855/2009 e 8.856/2009) que obrigam aos donos de estabelecimentos comerciais a substituírem as sacolas de plásticos comuns de polietileno, polipropileno e similares por sacolas reutilizáveis ou por embalagens biodegradáveis. As empresas terão três anos para se adaptarem. Mas estas leis não seriam necessárias se a população, se todos os cidadãos de boa vontade, começassem a mudar os hábitos de consumo e que também procurassem a cultivar antigos métodos de transporte das mercadorias compradas. Constata-se que a maior dificuldade destas leis está em fazer que o consumidor exija as sacolas biodegradáveis, ou seja, que ele tome consciência da importância destas para o Meio Ambiente. Mas isto, reconheçamos, levará um bom tempo. É que as tais sacolas plásticas são mais confortáveis e pertinentes, mesmo causando grandes prejuízos para o Meio Ambiente. O impacto ambiental é incalculável.
Ao comprar um comprimido numa farmácia, o atendente vai logo puxando uma sacolinha para assim agradar ao cliente. Outra vez, em um supermercado, ao comprar um simples estojo de barbear, se utiliza uma sacola que caberia uma cesta básica. Atos desta maneira precisa mudar. São pequenas atitudes que a Natureza agradece. Mas infelizmente no Brasil tudo que se diz respeito ao Meio Ambiente, precisa-se criar leis, punir. A cultura do “vamos gastar por que amanhã tem mais” impera no mundo globalizado e sem consciência ecológica.
A lei vem tarde demais para ajudar a diminuir o desastre ecológico gerado por um consumo irresponsável de sacolas plásticas. Na realidade, em nosso país, não existe uma política voltada para a educação ambiental, que pense em mecanismos de defesa do Meio Ambiente e na reciclagem. Somos um dos países mais consumista do mundo, porém, um dos piores no recolhimento e reaproveitamento (reciclagem) do lixo. Esta malesa precisa mudar. As prefeituras e os governos estatuais precisam criar aterros sanitários, e incentivar cooperativas e indústrias que trabalham com produtos recicláveis. As indústrias e as grandes empresas não podem continuar faturando sem terem responsabilidades para com os resíduos sólidos que elas mesmas criam e incentivam.
Mudemos, portanto, a nossa forma de consumir. Tomemos consciência do grande prejuízo que não apenas as sacolas plásticas causam ao planeta, mas sim todos os nossos atos de consumo exagerado, sem pensar nas gerações futuras.
Campina Grande, 06 de Julho de 2009.
* Teólogo , Geógrafo e Professor.