DOCUMENTO DE APARECIDA: Como colocá-lo em prática? (II).
* Eraldo Amorim (11 / 04 / 2008)
Trilhando o nosso caminho de reflexão sobre o Documento de Aparecida, iremos perceber de fato quais os seus maiores objetivos. Não é nossa intenção de fazermos aqui um resumo sobre este, mas expor pontos chaves para podermos observar, ou melhor, termos noção, sobre os diversos assuntos que preocupam a Igreja na América Latina e Caribe.
No contexto da nova evangelização, tendo como principal aspecto a missão de todo batizado a partir do encontro com pessoal de Jesus, está presente a nova forma de entender e viver a dimensão geográfica e comunitária da paróquia, “(...) os fiéis devem experimentar a paróquia como família na fé e na caridade, onde mutuamente se acompanhem e se ajudem no seguimento de Cristo” (§ 305). Com a vida conturbada do meio cidade perdemos esta dimensão familiar e comunitária, lugar propício para o encontro com o Cristo Ressuscitado. Para isto é preciso observar e compreender a importância da Pastoral Urbana. “(...) Diante da nova realidade da cidade, novas experiências se realizam na Igreja, tais como a renovação das paróquias, setorização, novos ministérios, novas associações, grupos, comunidades e movimentos. Mas se percebem atitudes de medo em relação à pastoral urbana; tendências de se fechar em métodos antigos e a tomar atitudes de defesa da nova cultura, com sentimentos de impotência diante das grandes dificuldades das cidades” (§ 513).
Mas no Brasil, mesmo antes da V Conferência, a Igreja já vem há muito tempo refletindo sobre esta questão. O Documento de Aparecida apenas vem reforçar ou confirmar o Projeto “Queremos Ver Jesus: Caminho, Verdade e Vida”, da CNBB. Entretanto, o Documento ressalta a importância das paróquias serem revitalizadas a partir de uma “rede de comunidades”. “Destacamos que é preciso reanimar os processos de formação de pequenas comunidades no Continente, pois nelas temos uma fonte segura de vocações ao sacerdócio, à vida religiosa e à vida leiga com especial dedicação ao apostolado. Através das pequenas comunidades, também se poderia conseguir chegar aos afastados, aos indiferentes e aos que alimentam descontentamento ou ressentimento em relação à Igreja” (§ 310).
Mas algo deve nos questionar como de fato nos faz: onde estão as Comunidades Eclesiais de Base, as CEB´s, tão bem refletidas no Documento? “São elas um ambiente propício para escutar a Palavra de Deus, para viver a fraternidade, para animar na oração, para aprofundar processos de formação na fé e para fortalecer o exigente compromisso de ser apóstolos na sociedade de hoje. São lugares de experiência cristã e evangelização que, em meio à situação cultural que nos afeta, secularizada e hostil à Igreja, se fazem muito mais necessários” (§ 308).
Muitas coisas mudaram nos últimos anos, isto é notório. Aquelas CEB´s cheias de vigor e entusiasmo deram lugar a uma espiritualidade muito mais desencarnada de nossa realidade social e política. São raros aqueles grandes encontros interclesiais e efervescentes celebrações nascidas da experiência do povo. Não restam dúvidas de que um dos grandes desafios da Igreja atual é justamente rever sua maneira de realizar a missão no contexto urbano, globalizado e plural. Não podemos esquecer que a semente do cristianismo germinou em ambientes semelhantes, e que nem por isso os apóstolos recuaram na missão de evangelizar. O Documento não quer dar respostas prontas de como iremos fazer, mas nos oferece pistas de reflexão. O difícil está em abrir mão das antigas estruturas. Já passou da hora de descentralizar o poder da paróquia, e abrirmos para novas e desafiantes realidades
terça-feira, 29 de abril de 2008
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