Documento de Aparecida. Como colocá-lo em prática? (III).
· Eraldo Amorim (18 / 4 / 2008)
Logo na primeira parte o documento expõe sobre a educação religiosa e como primeiramente a família, depois a Igreja e o Estado, deve se preocupar com a formação integral da pessoa humana, incluindo valores que a religião cristã sempre defendeu. Em tempos de globalização e de informação rápida, é mais que urgente valorizar um ambiente familiar que transmita confiabilidade e que escute mais os anseios das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Foi isso mesmo que nos afirmou o santo padre sobre a família: “[...] patrimônio da humanidade, constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos e caribenhos. Ele tem sido e é escola da fé, palestra de valores humanos e cívicos, lar em que a vida humana nasce e se acolhe generosa e responsavelmente... A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação de seus filhos” (§ 114).
Aos pais o documento adverte: “[...] O grande tesouro da educação dos filhos na fé consiste na experiência de uma vida familiar que recebe a fé, a conserva, a celebra, a transmite e dá testemunho dela. Os pais devem tomar nova consciência de sua alegre e irrenunciável responsabilidade na formação integral dos filhos” (§ 118). Quem trabalha com educação, os educadores em geral, sabe que a família não é mais o único espaço de formação do caráter da pessoa, os meios de informação associada a diversos outros fatores, a própria estrutura familiar moderna incluindo os sócio-econômicos, interferem na educação dos filhos e na concepção do ser família.
A mulher vem ocupando cada vez mais, de maneira legitima e bem sucedida, a sua posição no mercado de trabalho. Certamente este novo caráter feminino tem mudado a face do núcleo familiar na sociedade hodierna. Entretanto, não podemos esquivar os pais do dever de educar com responsabilidade aqueles filhos que Deus lhes confiou. Infelizmente, em muitos casos os pais empurram para outros esta tarefa extremamente difícil. A TV, os jogos de vídeos-game, a internet, a própria escola que na maioria das vezes é mal aparelhada e estruturada, se tornam subterfúgio de uma educação capenga e incompleta.
É papel também da Igreja testemunhar Jesus como Mestre e Senhor dos valores éticos, em meio a realidades altamente necessitadas. Os leigos se fazendo presentes em diversos segmentos da sociedade, podem contribuir para uma catequese renovada, uma evangelização eficaz visando a formação integral, mergulhados na realidade urbana por meio de uma pastoral capaz de abranger escolas públicas e privadas, universidades e centros de formação profissionalizantes.
Preocupa a Igreja uma formação voltada apenas a suprir as necessidades do mercado e da realização profissional, sem abranger a perspectiva da fraternidade e da solidariedade, na construção de uma sociedade mais humana que saiba partilhar valores. “[...] Na verdade, as novas formas educacionais de nosso continente, impulsionadas para se adaptar às novas exigências que se vão criando com a mudança global, aparecem centradas prioritariamente na aquisição de conhecimentos e habilidades e denotam claro reducionismo antropológico [...]. Por outro lado, com freqüência, elas propiciam a inclusão de fatores contrários à vida, à família e a uma sadia sexualidade. Dessa forma, não manifestam os melhores valores dos jovens nem seu espírito religioso; menos ainda lhes ensinam os caminhos para superar a violência e se aproximar da felicidade, nem os ajudam a levar uma vida sóbria e adquirir as atitudes, virtudes e costumes que tornariam estável o lar que venham a estabelecer,e que os converteriam em construtores solidários da paz e do futuro da sociedade” [§ 328 ]. Enfim, a educação se tornou algo mercadológico, se desvirtuando do seu real papel social. Sendo legitimada como mecanismo de uma estrutura injusta. Este fato preocupa todos nós educadores.
terça-feira, 29 de abril de 2008
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