terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FESTA DA ENCARNAÇÃO DO SENHOR!

FESTA DA ENCARNAÇÃO DO SENHOR!
* ERALDO AMORIM


Estamos em clima de festa, é tempo de confraternização, de 13º salário, de peru assado, vinhos, queijos, doces, luzes, festa, presentes, papai noel com chegada festiva, shopping center cheio, tempo em que o nosso coração fica mais sensível para com os pobres e famintos, campanhas de alimentos... Mas o que significa mesmo este tempo?

A festa do Natal tem sua origem numa festa pagã, onde em determinadas regiões dominadas pelo Império Romano se celebrava no dia 25 de Dezembro a festa do deus Sol. Após uma longa noite de escuridão, no hemisfério norte acontece o solistício de inverno (23 a 24 de dezembro), o sol reaparece para aquecer os pobres viventes da terra após o breu total. Ele, o sol, vem trazendo vida, colheita, prosperidade e muita, mas muita alegria para aquele antigo povo que se perdeu na história.
O cristianismo que no decorrer da história vai se incorporando a realidade do Império, faz desta festa pagã um meio de evangelização e assim defende que Jesus Cristo é o verdadeiro e único sol da nossa existência, aquele que os profetas anunciaram. Ele é sol que nos ilumina, sem ele estávamos vagando nas trevas do medo, do pecado e da morte. Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história, é Deus encarnado e revelado.
Mas só podemos compreender o verdadeiro significado do Natal sob a ótica da Ressurreição. Isto mesmo. Só através da meditação da Páscoa do Senhor é que vamos compreender o real propósito da festa natalina. Percorrendo o intenerário da fé pascal e fazendo a experiência da vida que vence a morte é que vamos fazer deste festa uma verdade de fé cristã. Caso contrário, a celebraremos ainda de forma pagã, comercial e figurativa.
O mesmo Jesus na nasce em um estábulo de ovelhas, rejeitado por todos da pequenina cidade de Belém, é o mesmo que passou a vida pregando o amor, o perdão, a inclusão, a justiça e a fraternidade. É o mesmo menino pobre, que agora feito homem, se cinge com a toalha (gesto do servo) para lavar os pés, é o mesmo que comeu com os pecadores, sarou os enfermos, tocou o leproso, e soube ouvir a mulher adúltera e samaritana. Aquele menino, que muitas vezes ofuscamos com as luzes do comércio e com a imagem capitalista do Papai Noel, é o mesmo que foi julgado injustamente por ter amado demais, por ter falando das coisas do céu e dos enseios mais profundos do ser humano.
No Natal não existe magia, não há lugar para sonhos e muito menos lugar para devaneios utópicos. O Natal é uma realidade, é a mais profunda verdade humana. Bom seria que ao celebrarmos esta festa tivessemos a certeza de que Jesus é o Emanuel - Deus Conosco - e que por meio de sua encarnação e ressurreição ele assumiu toda realidade cósmica e humana. É a magnifica união entre o céu e a terra, algo extremamente desejo por Deus Criador e pela criatura pobre e indefesa, que perdeu a dignidade da luz.
O caminho agora está aberto para nós, é esta Boa Notícia que os anjos cantavam naquele noite aos pastores. Na linguagem escrita do evangelista São Lucas, a noite estrelada indicava que algo de extraordinário havia acontecido: o Eterno se fez passageiro, o Ilimitado se fez limintado, o Todo se fez parte. É Deus encarnado e revelado numa pequenina face infantil. Tão grande mistério de amor e de paz!! Esta criancinha tão frágil e pequena veio nos trazer vida plena. Mas ela também nos julga, e o seu julgamento é correto, pois ela sendo Luz ilumina as nossas fraquezas, culpas e omissões; entretanto, mostra a cada um as virtudes e os defeitos contidos dentro da gente.
Que neste Natal tenhamos o firme propósito de contemplar o rosto de Deus em cada pessoa humana, principalmente naqueles mais marginalizados e excluidos. Façamos deste período um tempo propício para avaliarmos as nossas ações e hatitudes. Que Belém seja a nossa cidade preferida e que o presépio esteja dentro de nós em todos os dias do Ano Novo que se aproxima.
Que a Paz reine entre a humanidade! Assim Seja!
*Geógrafo, Teólogo e Professor.
(Campina Grande, 23 de Dezembro de 2008).

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