terça-feira, 30 de setembro de 2008

ELEIÇÕES 2008

ELEIÇÕES 2008. QUEM GANHA COM ESTA DISPUTA?

* Eraldo Amorim

Mais uma vez estamos diante de uma disputa eleitoral: projetos, promessas escabrosas, insultos, simpatia, “tapinhas” nas costas, panfletos, bandeiras, comícios, exploração dos pobres, compra de voto (por mais que a justiça repreenda), troca de favores... e quem ganha com tudo isto? Dizem por ai que é essa tal de democracia. Será? Tenho lá minhas dúvidas. Será que vivemos, de fato, numa? Ou ainda estamos aprendendo a vivenciá-la?

De quatro em quatro anos presenciamos a disputa de alguns ao maior cargo municipal, o de prefeito, e de quebra, também de umas dezenas de candidatos (alguns hilariantes), aqueles que a maioria da população não sabe nem quem são. A propósito, você eleitor, lembra de pelo menos o nome da metade daqueles que legislam em seu município? Parabéns se você sabe. Mas esta não é a realidade da maioria da população. Muitos eleitores nem lembram e muito menos sabem o que eles fazem na câmara.

De maneira equivocada afirmamos que este ano é tempo de política, como se os outros anos não fossem. Cidadão consciente não é aquele que participa da escolha dos governantes apenas no período eleitoral, mas que fiscaliza, cobra as promessas feitas, exige honestidade, reivindica seus direitos, se intera sobre os assuntos, critica e participa das mudanças. O desafio é fazer o cidadão comum conscientizar-se do seu potencial político, engajar-se no comprometimento pelo bem comum. Fato longe de acontecer, mas não impossível. Só uma educação política eficaz poderá trazer.

A democracia se fortalece cada vez mais quando se sabe utilizar bem os recursos para uma boa escolha e também quando se acompanha, de maneira transparente e limpa, a atuação dos representantes do povo. Neste sentido, a justiça eleitoral, juntamente com outros órgãos (a OAB, por exemplo) tem se dedicado bastante. Mas não se modifica uma cultura política do “toma lá, dá cá” assim, de uma hora pra outra. Isto requer tempo, paciência e determinação. São louváveis as iniciativas da justiça em coibir abusos no que diz respeito à disputa eleitoral, principalmente sobre a venda e compra de votos. Um fato que nos envergonha.

Quem compra voto visando apenas um cargo público já começa errado e não tem capacidade moral de dirigir a sua própria vida, que dirá a de uma nação, de um estado ou município. O que fará com o dinheiro público depois de eleito? Quem compra voto é um péssimo candidato, pois não sabe e nem consegue convencer seus eleitores que ele tem as melhores propostas.

Mas é criminoso também quem vende seu próprio voto. O eleitor que vende a sua consciência está também cometendo um delito, uma falcatrua, roubando a si mesmo. Diante das dificuldades financeiras pelas quais passa, lança mão desse recurso. Eleitor desonesto gera políticos desonestos e legitima a corrupção. Por isso, o papel importante da justiça em fiscalizar e punir os compradores e vendedores de voto, mesmo aqueles que têm melhores condições querem se beneficiar do momento “tirando uma casquinha”.

Etimologicamente, “Democracia” é o povo no poder. Só é possível vivê-la plenamente quando o povo tem consciência deste encargo e quando, acima de tudo, sabe ocupar o seu espaço, não ficando a mercê apenas das oligarquias elitizadas e burguesas que controlam a política. Sabiamente, o povo politizado exige os seus direitos, cobra políticas públicas eficazes e tem em mente que é o verdadeiro dono do poder, que o governante é na verdade o seu funcionário pago com os tributos para trabalhar em beneficio de todos.

Dia 05 de outubro é dia de festa, a festa da Democracia. Vivamos este momento sem ódio, sem mentiras e sem falcatruas. Que todo cidadão seja respeitado e que seja resguardado o seu direito de votar consciente e livremente. É hora de fazer valer nosso direito de expressar em quem e em que acreditamos, buscando sempre a valorização daquilo que é do bem-comum.

Que Deus nos ilumine, nos assista neste momento! E que tenha compaixão de todos nós, principalmente daqueles que sabem fazer uma política verdadeira e honesta.

* Teólogo, Geógrafo e Professor.

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